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Foto do Chineque da Confeitaria Amor e Canela
Para quem vive em Joinville, famosa cidade chuvosa no Norte catarinense, não há iguaria como um pão doce coberto por uma farofa crocante! É o nosso chineque, de preferência acompanhado por uma xícara de café com leite… humm. Com este pãozinho mágico, nosso dia começa ou termina de forma mais agradável cercados pela família ou amigos, seja em casa ou na padaria, seja na correria para trabalho ou para escola.
E é assim que o chineque melecado de chimia é nosso companheiro das gulodices da infância; e que na juventude somos apresentados à uma variedade gastronômica de chineques, nos levando, até sua alta gourmetização, pois há pedacinhos desta delícia até em coffeebreaks estilosos por aí nas esferas de reuniões de trabalhos da vida adulta. E voltamos para a casa com nosso chineque, afinal, quem ousa visitar algum parente sem ele?
Poderia ser então, o chineque um patrimônio cultural alimentar de Joinville?
Bem… O patrimônio cultural foi considerado ao muito especial para a sociedade brasileira e, portanto, recebeu a proteção da Constituição Federal em seu artigo 216!!!
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
A Constituição ampliou o entendimento de patrimônio cultural abrigando os bens culturais de natureza imaterial. São nesta categoria de bens que podemos pensar os chamados patrimônios alimentares.
E o que são patrimônios alimentares?
É pensar alimentação para além dos componentes biológicos ou das necessidades fisiológicas, levando em consideração o forte componente cultural, revelando uma importante expressão da memória histórica e da identidade territorial de um povo.
Um patrimônio alimentar é um elo significativo para a comunidade pois reforça seu de pertencimento a um lugar. O que comemos, o “quando”, o “onde”, o “com quem”, relacionam-se aos territórios, ao meio ambiente, à economia e às questões sociais, de tal forma que podem simbolizar um “marcador primário da identidade” de um indivíduo ou de uma comunidade sinalizando suas efetivas ligações e ou conexões culturais, transmitindo valores, sentimentos, ações.
No Brasil e no Mundo há alguns Patrimônios Alimentares, você conhece?
Dieta mediterrânea (Mediterrâneo), O Ofício dos Pizzaiolos Napolitanos (Italia), e por aqui, o Ofício das baianas de acarajé (registrado em 2005), o modo artesanal de fazer queijo de minas (2008), o sistema agrícola tradicional do Rio Negro (2010), a produção tradicional e práticas socioculturais associadas à cajuína no Piauí (2014) e o ofício de tacacazeiras na Região Norte, o modo de saber fazer o queijo artesanal serrano de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e os engenhos de farinha de Santa Catarina (IPHAN, 2022).
E o Chineque???
Joinville possui 2 patrimônios culturais imateriais já registrados, a Sociedades de Tiro e o Kenia Clube! Mas nenhum deles é um patrimônio alimentar. Para isso acontecer, é necessário um processo administrativo junto ao Órgão Patrimonial competente, neste caso, a COMPHAAM. É importante destacar a participação popular deste processo de reconhecimento, afinal nós, aqueles que são afetados pela memória, pelos saberes e pelos ofícios que marcam e constroem nossa identidade. Viva o chineque!
Vá além!
Eu sou a Luana Gusso!
Paranaense radicada em Joinville, mãe do Francisco, professora universitária, advogada, conselheira de museus de Joinville, pesquisadora da área do patrimônio cultural e dos direitos culturais e apaixonada por chineque.
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